terça-feira, 7 de abril de 2009

Vinho É Que Não Vai Faltar!...

Continuando a ler o "O Mirante", ficamos a saber que Aveiras de Cima "será um museu vivo direccionado para o sector vinícola. “Aveiras de Cima: Vila Museu do Vinho” é o nome do projecto apresentado esta semana pela autarquia da Azambuja que prevê criar na freguesia de Aveiras de Cima um “conceito moderno de museu”, virado para os enoturistas."

Julgo que esta ideia só poderá ter consistência se for englobada com outras vertentes, tendo a atenção toda a região concelhia, pois, existem muitos produtores de vinho em localidades em redor que deverão ser chamados a participar neste projecto. Ainda, assim, deverá ter em conta todo o sector a ele conexo e procurar ter uma acção coordenada entre os vários agentes em busca de solução, que tenha como prioridade a alavancagem e promoção da actividade, como havia referido no artigo escrito ontem.

"O enoturismo consiste na visita das adegas, degustação de vinhos e descoberta dos processos de produção e transformação vinícola. Aveiras de Cima quer ser um dos destinos de eleição. “Queremos melhorar e abrir as adegas ao público, para promover as diversas etapas do fabrico do vinho. Vamos apostar na transformação das adegas que já estão desactivadas numa espécie de repositório das técnicas tradicionais do fabrico do vinho para poderem ser visitadas por turistas e vamos criar uma marca de vinho da “Vila Museu do Vinho”, para os produtores poderem comercializá-lo nas suas adegas”", reporta Joaquim Ramos, presidente da autarquia.

Este conceito de "enoturismo" não poderá limitar-se apenas, a uma rota de visita às adegas mas, alargar-se a um conceito mais amplo, onde possa incluir o conhecimento da realidade rural, gastronómica, etnográfica e, do mesmo modo, possa homenagear todos aqueles, que com a sua criatividade, esforço e dedicação, incentivam a promoção e construção da paisagem rural sustentada. Que através do seu espiríto desenvolvem as potencialidades da região, no sentido de espelhar a imagem de uma peça viva de todo nosso quotidiano, através da tradição oral ou escrita, estabelecendo a ponte do presente com o passado. Para além disso, deverá ter em conta um incentivo na procura da excelência na produção por parte dos produtores e empresários do sector e, desse modo, procurar encontrar uma marca própria da região e apurar a qualidade das castas mais tradicionais.

"O público alvo desta nova aposta turística tem entre os 35 e os 60 anos, um elevado poder de compra e um elevado nível sócio-cultural."

A visão deste conceito não deverá limitar-se a ter uma concepção de captar um "público alvo" mas, proporcionar a um maior número de pessoas, seja qual for o seu perfil, uma oferta mais abrangente e diversificada. Tendo em conta as limitações da crise a que estamos a assistir, duvido que haja alguém com "elevado poder de compra" e, ainda assim, penso que para ser apreciador de vinho e ter conhecimento da sua natureza, não seja necessário ter um "elevado nível sócio-cultural", pois, com os tempos que passam, talvez seja cada vez mais raro encontrar alguém assim! O Concelho de Azambuja não necessita de um turismo "virado" só para "elites" tal como se pretende, assim, do mesmo modo, com a construção de campos de golfe. O concelho necessita de um estudo elaborado por uma entidade independente que faça um apuramento de actividades que sejam sustentáveis e estruturantes no sentido global. Tendo em conta, a sustentabilidade seja de acordo com os concelhos limítrofes e seja feito um plano global de desenvolvimento.

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