quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Caminho do "Desastre"!...

Portugal «está num rumo que, não sendo corrigido, irá conduzir ao desastre, ou pelo menos ao descrédito no plano internacional»

«no caso nacional, esperar que a crise passe, na expectativa de que tudo volte a ser como antes, não é uma atitude responsável»

«este momento exige um novo contrato social, como é hoje admitido em países como os Estados Unidos»

«Apesar da nossa evolução positiva, na realidade temos visto os nossos parceiros afastarem-se de nós de forma contínua ao longo das últimas três décadas, independentemente dos governos ou até da entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE)»

«a Assembleia da República não pode fugir às suas responsabilidades, limitando-se à crítica sistémica aos governos ou ao apoio sistémico aos mesmos»
Joaquim Ventura Leite, Deputado socialista

Registe-se estas declarações, que vêm no seguimento das análises do Governador do Banco de Portugal que traça um cenário "desastroso" para a economia portuguesa, prevendo-se uma recessão de 3,5 por cento este ano de 2009, conforme revelou ontem, no Boletim da Primavera do Banco de Portugal. A “profundidade e persistência sem paralelo nas últimas décadas”, avalia o Banco de Portugal, alertando que as medidas adoptadas pelos governos desde a “eclosão da crise” levaram a uma deterioração substancial dos défices orçamentais para este ano. Ainda, assim, entenda-se nas suas palavras o seguinte aviso, de que "todas as previsões estão rodeadas de uma enorme incerteza" e, que a recuperação em Portugal só deverá acontecer depois dos primeiros sinais na Zona Euro.

Ora, estamos "a falar de uma destruição de riqueza na ordem dos 3,5%, o que numa pequena economia, pouco robusta e com deficientes factores de sustentação, não deixa de configurar uma situação gravíssima". Dada esta situação, e revendo as projecções anunciadas pelas principais instituições credenciadas, verificamos que tanto o Banco de Portugal (BdP), o INE e a Comissão Europeia têm diferentes versões sobre o desempenho económico nacional. Com este cenário é inevitável o aumento do desemprego, a diminuição do consumo e a descida da inflação.

Situação, esta, que vai buscar as memórias ao ano de 75, período revolucionário em curso (PREC), "equiparável cenário negro no que respeita aos índices económicos nacionais a traduzirem uma crise que o Governo começou por teimar em não antecipar e depois por mascarar." Factos, estes a verificarem-se, trarão ainda mais, a “deterioração das condições no mercado de trabalho, assim como pelo aumento da incerteza face aos níveis futuros de rendimento e riqueza das famílias, os quais tendem a induzir o adiamento das decisões de consumo”.

O Banco de Portugal aconselha consolidar as contas públicas, com menor crescimento da despesa do Estado e maior racionalização dos serviços públicos, a fim de reduzir a incerteza sobre a evolução da carga fiscal. Além disso, defende a adopção de políticas que garantam a transparências no mercado para estimular o crescimento económico e tornar as empresas mais competitivas. Dada estas perspectivas, é urgente que o governo repense seriamente as suas opções no modelo de desenvolvimento e deixar a sua teimosia em defender o investimento em grandes obras públicas, que trarão um hipotecamento do futuro da nação. A "crise exige mais sentido de Estado e menos dialéctica partidária", factos que fazem muita confusão no sentido de prioridades no seio da governação socialista. "Persistir no erro de enfatizar o investimento público de grandes dimensões como a panaceia para todos os males e na inadequação de atirar dinheiro, recursos públicos, para cima dos problemas sem antes cuidar da natureza dos mesmos e, em especial, da efectiva viabilidade das realidades empresariais que se pretende "apoiar"".

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