Após ter ensaiado uma nova postura, logo a seguir às eleições europeias, José Sócrates não demorou muito tempo em assumir o seu próprio estilo, ao qual, já nos habitou. Embora, no estilo continue o mesmo, veio revelar um dado novo na sua substância. A esta substância, veio caracterizar-se no modo estratégico em que iniciou o debate de ontem, sobre o "Estado da Nação", em que combinado com a bancada socialista, tentou minimizar o espaço de manobra da oposição, especialmente da principal força política. Concertado com a sua maioria parlamentar, tentou ensaiar uma ofensiva, através do argumento das declarações da sua principal adversária e, também, através da demagogia sobre actos tomados na governação da maioria anterior.
Com um objectivo definido, tentou desferir alguns golpes sobre o líder da bancada da oposição. Admito que em certos momentos, Paulo Rangel talvez tenha sentido alguma "vertigem" com o zurzir dos deputados da bancada da maioria socialista mas, ainda assim, conseguiu segurar-se, pois, levava a lição estudada. Momento que o abalou, também, foi o episódio com Presidente da Mesa, Jaime Gama, ao qual, não estava incluído no programa. Posteriormente, já na sua intervenção parlamentar conseguiu voltar ao seu equilíbrio, tomando a dianteira da ofensiva ao governo, também, com o benefício da situação escandalosa, protagonizada pelo ex-ministro Manuel Pinho com um deputado comunista sobre o caso das Minas de Aljustrel, que veio transformar-se numa vergonha nacional e afectar seriamente a qualidade da cultura democrática, que já tem tempo suficiente para estar amadurecida.
Facto, que veio dar uma severa frustração ao governo e à maioria, colocando-a de quatro e sem anímica suficiente. Embora, o caso tenha tido um tratamento célere, com a sua substituição na pasta e com o pedido das devidas desculpas no seio do parlamento pela voz de Sócrates, o debate morreu aí e, agora, vamos ver o que acontece aí. Julgo que irá ser bastante difícil concertar uma nova estratégia, enquanto este episódio durar nas bocas da oposição e imprensa. Só espero é que não façam o papel de "calimeros" e encontrem no ex-ministro Manuel Pinho, um "bode expiatório", pela má sucessão de um período, que já se pode caracterizar de campanha eleitoral, que revelar um índice bastante elevado de crispação entre os vários agentes de Estado. Ainda assim, teremos muito que discutir na verdadeira essência programática, entre as duas visões em disputa.
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